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Tostados de Coco

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Cocada é quase sinônimo de Bahia. Cocada mole, dura, branca, queimada, ou aquela cocada - puxa que a baiana Bia, com tabuleiro no Farol da Barra vendia, sorrindo com seus dentes impecavelmente brancos, tão alvos como a roupa rodada e rendada e o turbante que, mais do que esconder seus cabelos conferiam uma dignidade toda especial àquela típica baiana.

No tabuleiro da Bia eu me esbaldava todas as tardes, na primeira vez que visitei Salvador, no ardente verão de 65, uma cidade muito mais calma do que a que visitei nos primeiros anos de 2000. Menor, mais calma, mas sempre animada e hospitaleira, com gente como a Bia, sempre sorridente, pronta para agradar.  No tabuleiro da baiana, iluminado ao anoitecer por um fifó eu começava sempre com o acarajé, caprichado no camarão e no vatapá e, de sobremesa, a cocada. Aquelas delícias mais a visão do Farol da Barra, imponente sobre a baía de Todos os Santos são mesmo inesquecíveis.


Coqueiros no belíssimo litoral  da Bahia

A cocada da Bia nem me atrevo a tentar copiar porque seria um sacrilégio. Mas em homenagem à Bahia e à inesquecível Bia, aqui vai uma receita de cocada. Também muito gostosa e que sempre faz sucesso.




Ingredientes

1 coco ralado (fresco)
½ copo de água ou de água de coco
3 xícaras de açúcar
2 ovos inteiros
1 noz de manteiga
3 colheres (sopa-rasa) de maizena

Calda em ponto de fio
Cozinhando até aparecer o fundo



Tostados, irresistíveis
Como fazer

Ponta água e o açúcar numa panela para ferver até chegar ao ponto de fio. Retire do fogo e misture os outros ingredientes. Volte ao fogo mexendo sempre até ver o fundo da panela. Deixe esfriar. Coloque a cocada às colheradas, numa forma untada com margarina e farinha. Leve ao forno médio até tostar. Rende 30 cocadas.

Panqueca doce

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Iguais e diferentes. Acho que assim podem ser definidos os países da Europa Central com histórias que se entrelaçam, se cruzam e até se confundem quando dominados por um único reino como foi o período  do Império Austro Hungaro (1867-1918) sobre países daquela região. As consequências  gastronômicas dessa influência são bastante conhecidas.

Viajando pela Hungria, Eslováquia, Polônia e República Tcheca vamos encontrar versões variadas de pratos como o goulash e, especialmente de doces. Muitas interpretações de strudel - a torta enrolada, de massa super leve, geralmente recheada de maçã ou  de semente de papoula, assim como interpretações locais de panquecas doces, servidas tanto como sobremesa como acompanhando um chá da tarde. Em cada um desses países e também na Áustria e Alemanha, esses doces aparecem com nomes locais, em versões ligeiramente diferentes mas todos capazes de tirar qualquer um do bom caminho da dieta.

Praça da Cidade Velha, Praga

Esta receita é da República Tcheca onde pude prová - la num café da Praça da Cidade Velha, em Praga.Cenário igualmente inesquecível.

Ameixa e ricota no recheio da panqueca doce

Ingredientes

750 ml de leite
500g de farinha de trigo
1 ovo
20 g de fermento em pó
150 g de açúcar
200 g de geleia de ameixa
300g de ricota
Óleo para fritar

Como fazer

Misturar a farinha açúcar e fermento; juntar o ovo e o leite. Misturar tudo. Fritar a massa em porções pequenas, dos dois lados, em frigideira quente, com óleo.

Quando as panquecas estiverem fritas rechear  com a ricota amassada e a geléia de ameixa. Dobrar ao meio e polvilhar açúcar e, opcionalmente, também com sementes de papoula.

Abóbora recheada

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Sitio Santo Antonio era a propriedade rural que meu pai formou, aos poucos, comprando lotes de pequenos  proprietários. Parecia infinitamente longe de São Paulo (hoje é parte do município do Embu) e, pra dizer a verdade, nos anos 50 era longe mesmo. Estradas ruins, que se enlameavam com a primeira chuva, total ausência de telefone ou luz elétrica e água  tirada de poço, fresquinha, em baldes de alumínio impecavelmente areados.

Passei ali algumas das melhores férias da minha vida. Livre para me embrenhar por onde bem se quisesse e andar no meio das plantas, comer goiaba, jabuticaba, e laranja no pé. Foi ali também que comecei a conhecer verduras e legumes, na horta que havia atrás da nossa casa. Eram verduras para nosso uso apenas e eu adorava me enveredar entre os canteiros descobrindo as alfaces novinhas, os repolhos começando a se fechar para formar aquelas bolas verdes tão maravilhosamente cerradas, os tomates, delicadamente  pendurados em ramos delgados, apoiados em tripés de bambu. Havia ainda as abobrinhas, as vagens, escarola, rúcula, espinafre.

Mas, o que mais me encantava era, sem dúvida, a abóbora. Uma verdadeira festa espiar embaixo da folhagem espessa e encontrar ali, escondida, uma bela abóbora pescoçuda. E ainda havia as flores, que a mamãe empanava e fritava, para acompanhar nosso almoço, sem falar da cambuquira, as tenras ramagens que, refogadas ao alho e óleo estão entre as minhas verduras favoritas, até hoje. Só que flor de abóbora ou cambuquira, agora, são raras e especialidades de gourmets, praticamente inacessíveis ao público em geral.


A abóbora pescoçuda e a moranga eram as espécies mais populares. Não me lembro de ter visto a chamada abóbora japonesa, aquela de casca escura, na minha infância. Elas ficaram populares bem mais tarde quando também foram introduzidas outras variedades. Com a abóbora comum era preparado o quibebe e feitos os doces; do tradicional doce de abóbora e coco ao doce cristalizado. Era como se a abóbora, de tantas virtudes e de fácil adaptação, tivesse condenada à vida campestre, aos pratos sem qualquer charme. Hoje ela consta de cardápios sofisticados e pode entrar no menu de todo dia, seja como prato principal ou acompanhamento.

Esta receita é uma adaptação para os dias de hoje da velha conhecida, a  versátil abóbora.


Abóbora recheada

1 moranga pequena com aproximadamente 500 g
4 colheres de arroz
Shitake
1 pimenta dedo de moça, sem sementes
Amêndoas torradas, sem pele ( ou avelã)
3 colheres de azeite de oliva
2 dentes de alho
2 colheres de cebola picada em cubos
Sal
1 colher (chá) de sementes de coentro




Como fazer:

Lavar a moranga e abrir uma tampa. Com uma colher, raspar o miolo da abóbora, inclusive as fibras e as sementes. Reservar.

Numa panela, refogar o alho e a cebola no azeite. Juntar a pimenta picadinha,o shitake, as sementes de coentro e o sal. Juntar as raspas de abóbora – incluindo as sementes e refogar. Desligar o fogo e juntar o arroz e as amêndoas. Rechear a abóbora/moranga com este refogado, tampar e enrolar a abóbora em papel de alumínio e levar ao forno até que a abóbora fique macia. Servir bem quente como complemento ou como prato principal.

Opcional: No lugar da moranga pode ser usada uma abóbora menina ( aquela pequena, com pescoço). Nesse caso, bastará cortar a abóbora ao meio, proceder da mesma forma e juntar as duas partes antes de embrulhar a abóbora com papel alumínio.