Sitio Santo Antonio era a propriedade rural que meu pai
formou, aos poucos, comprando lotes de pequenos
proprietários. Parecia infinitamente longe de São Paulo (hoje é parte
do município do Embu) e, pra dizer a verdade, nos anos 50 era longe mesmo.
Estradas ruins, que se enlameavam com a primeira chuva, total ausência de
telefone ou luz elétrica e água tirada
de poço, fresquinha, em baldes de alumínio impecavelmente areados.
Passei ali
algumas das melhores férias da minha vida. Livre para me embrenhar por onde bem
se quisesse e andar no meio das plantas, comer goiaba, jabuticaba, e laranja no
pé. Foi ali também que comecei a conhecer verduras e legumes, na
horta que havia atrás da nossa casa. Eram verduras para nosso uso apenas e eu
adorava me enveredar entre os canteiros descobrindo as alfaces novinhas, os
repolhos começando a se fechar para formar aquelas bolas verdes tão
maravilhosamente cerradas, os tomates, delicadamente pendurados em ramos delgados, apoiados em
tripés de bambu. Havia ainda as abobrinhas, as vagens, escarola, rúcula,
espinafre.
Mas, o que mais me encantava era, sem dúvida, a abóbora. Uma
verdadeira festa espiar embaixo da folhagem espessa e encontrar ali, escondida,
uma bela abóbora pescoçuda. E ainda havia as flores, que a mamãe empanava e
fritava, para acompanhar nosso almoço, sem falar da cambuquira, as tenras
ramagens que, refogadas ao alho e óleo estão entre as minhas verduras
favoritas, até hoje. Só que flor de abóbora ou cambuquira, agora, são raras e
especialidades de gourmets, praticamente inacessíveis ao público em geral.
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Abóbora recheada
domingo, 3 de fevereiro de 2013
A abóbora pescoçuda e a moranga eram as espécies mais
populares. Não me lembro de ter visto a chamada abóbora japonesa, aquela de
casca escura, na minha infância. Elas ficaram populares bem mais tarde quando
também foram introduzidas outras variedades. Com a abóbora comum era preparado
o quibebe e feitos os doces; do tradicional doce de abóbora e coco ao doce
cristalizado. Era como se a abóbora, de tantas virtudes e de fácil adaptação,
tivesse condenada à vida campestre, aos pratos sem qualquer charme. Hoje ela
consta de cardápios sofisticados e pode entrar no menu de todo dia, seja como
prato principal ou acompanhamento.
Esta receita é uma adaptação para os dias de hoje da velha
conhecida, a versátil abóbora.
Abóbora recheada
1 moranga pequena com aproximadamente 500 g
4 colheres de arroz
Shitake
1 pimenta dedo de moça, sem sementes
Amêndoas torradas, sem pele ( ou avelã)
3 colheres de azeite de oliva
2 dentes de alho
2 colheres de cebola picada em cubos
Sal
1 colher (chá) de sementes de coentro
Como fazer:
Lavar a moranga e abrir uma tampa. Com uma colher, raspar o
miolo da abóbora, inclusive as fibras e as sementes. Reservar.
Numa panela, refogar o alho e a cebola no azeite. Juntar a
pimenta picadinha,o shitake, as sementes de coentro e o sal. Juntar as raspas
de abóbora – incluindo as sementes e refogar. Desligar o fogo e juntar o arroz
e as amêndoas. Rechear a abóbora/moranga com este refogado, tampar e enrolar a
abóbora em papel de alumínio e levar ao forno até que a abóbora fique macia.
Servir bem quente como complemento ou como prato principal.
Opcional: No lugar da moranga pode ser usada uma abóbora
menina ( aquela pequena, com pescoço). Nesse caso, bastará cortar a abóbora ao
meio, proceder da mesma forma e juntar as duas partes antes de embrulhar a
abóbora com papel alumínio.
Postado por Unknown às 10:38
Marcadores: Abóbora recheada, Culinária brasileira, Moranga, São Paulo, Vegetariano
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1 comentários:
Oi mae, otima a ideia. Gostei das fotos tambem!
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