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Orange Marmalade

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Marmalade, complemento obrigatório no café da manhã dos ingleses não é, como possa parecer à primeira vista, marmelada. Na verdade, o nome correto é orange marmalade, a mais popular das geléias, feitas em diferentes espessuras mas, sem dúvida, a favorita sobre torradas, com ou sem manteiga.Ao contrário do Brasil onde geléia de laranja, ocupa o fim da fila nas preferências. Morangos, framboesas, frutas vermelhas em geral , pêssego e até abacaxi vêm na frente, entre as favoritas. É só olhar nas prateleiras do supermercado e constatar.

E era essa geléia na versão espessa, com pedacinhos da fruta e pequeninas tiras da casca que eu ganhava de presente da Gillian, minha cunhada, toda vez que visitavamos  David, irmão de meu marido, em Colne, vilarejo desses que parecem ter saltado dos livros, onde a comunidade toda se conhece, incrustado em Cambridgeshire, no coração da Inglaterra.

Assim, pela falta de opções no mercado e com vontade de agradar ao Richard, meu marido inglês, comecei a fazer a tal marmelade que, hoje,modesta à parte é campeã de público e crítica. Gillian orgulhosamente dizia usar laranjas de Sevilha na sua geléia. Já eu, optei pelas nacionais uma vez que temos tantas variedades. Fiz várias tentativas até chegar à favorita, feita com morgota ou bergamota, aquela mexerica de pele fina, com muito suco e de colorido laranja forte.
A mesma receita pode ser feita com outras laranjas como a laranja cravo ou a laranja baía. No caso da laranja baía é preciso tirar a casca bem fina, para evitar a polpa branca que poderá amargar um pouco a geléia.




Ponte sobre o rio Cam, em Cambridge

Paisagem junto a Colne

Ingredientes

6 laranjas morgotas maduras e firmes
Açúcar
Cravo

Como fazer

Lavar bem as morgotas, Em seguida, corte as frutas em 4 partes, separando e reservando as cascas. Tire a fibra branca, central e pique as margotas em pedaços pequenos,excluindo as sementes. O melhor é fazer este processo sobre uma peneira grande, apoiada sobre a panela para que o suco caia na panela e não se perca.

Escolha as  3 melhores cascas das morgotas e corte em tiras bem fininhas. Junte as tirinhas à laranja, na panela com as polpas da fruta e o suco. Junte o açúcar. A medida de açúcar deve ser sempre a metade do volume de frutas. Assim, para 4 xícaras de frutas picadas (incluindo as cascas) 2 xícaras de açúcar. Colocar 4;5 cravos e levar ao fogo alto. Quando começar a ferver,reduza o fogo e vá mexendo. Quando começar a aparecer o fundo da panela a geléia chegou ao ponto certo. A geléia deve ser guardada em vidros muito limpos e esterilizados. Como não há qualquer conservante, é melhor manter a geléia em refrigerador.

Observação: Geralmente 6 morgotes grandes rendem 4 vidros de geléia de 300 g.



Chili and beans

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Foi em meados dos anos 70, numa dessas praças de alimentação típicas dos shopping centers, nos Estados Unidos que provei, pela primeira  vez o chili and beans que logo tentei reproduzir, de volta ao Brasil.

Provavelmente meu jeito de preparar esta típica especialidade tex-mex (a cozinha que mistura influências texanas e mexicanas) seja completamente diferente da original. Não faz mal. O resultado é bem gostoso e sempre agrada. 

Chili, a pimenta que  combina com o feijão neste prato 
Ingredientes

½ quilo de carne moída
4 xícaras de feijão já cozido e temperado (pode usar feijão que tenha sobrado)
2 xícaras bem cheias de Catchup
3 colheres (sopa) de molho inglês
2 pimentas vermelhas , sem as sementes
3 colheres de óleo de milho ou girassol
Sal
1 cebola média,picadinha
2 dentes de alho cortados fininho

Como fazer

Refogar a carne no óleo, fritando bem para que fique soltinha. Juntar a cebola, o alho, a pimenta e refogar. Junte à carne o feijão, misture bem e acrescente o catchup, o molho inglês,  abaixe o fogo e deixe apurar.

Bolo de cenoura à moda da Irlanda

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Oferecido como sobremesa ou como acompanhamento para o chá ou café, o bolo de cenoura é um dos doces mais populares em todo o Reino Unido. E na Irlanda, também. E o que tem de especial para merecer destaque, aqui, como uma lembrança de viagem? É que, diferente do nosso, que é geralmente muito fofo, bem doce e coberto com chocolate, o bolo de cenoura de lá é mais denso, menos doce e tem cobertura de cream cheese. Pode variar um pouco de um lugar para outro mas onde quer que se vá, naquelas ilhas, o tal bolo de cenoura faz parte do cardápio. Pode ser no Starbucks, nos cafés Nero, na rede Imnsonia ou em outro qualquer lugar.

O que provei, no Reino Unido, era mais claro, com cor de cenoura, mesmo. Mas o mais delicioso de todos foi este, que e conheci na Irlanda, feito por minha filha. O açúcar mascavo, dá um tom escuro à massa e, incrementado com nozes pecã e uvas passas, ele ganha status de bolo de festa e ninguém será capaz de adivinhar que se trata de um simples bolo de cenoura.

Açúcar mascavo, nozes e passas neste bolo de cenoura
Muito fácil de fazer, ele vem sendo o bolo escolhido por mim para festinhas da família porque dispensa recheio e agrada a gregos e troianos. Sempre. Em unanimidade.

Ingredientes

2 ovos grandes
140 ml de óleo vegetal
200g de açúcar mascavo
300g de cenoura
100g de uva passa
75 g de noz pecã
180 g de farinha de trigo
1 pitada de sal
1 colher de chá de canela em pó
½ colher de chá de noz moscada
½ colher de chá de mixed spices ( mistura de cravo em pó , canela, etc). Se não tiver, substitua por 1/3 de colher de cravo em pó
½ colher de chá de bicarbonato de sódio
½ colher de chá de fermento em pó

Para a cobertura

200 g de cream cheese (frio)
50g de manteiga
1 colher de chá de essência de bauniha
220 g de açúcar de confeiteiro
Raspas de uma laranja

Como fazer

Bater no liquidificador as cenouras com o óleo e os ovos.
Despejar essa mistura numa vasilha e juntar todos os demais ingredientes, deixando o fermento e o bicarbonato por último.
Levar para assar em forma untada e forno aquecido a 180º.

Quando estiver frio, cobrir com a mistura feita com os ingredientes da cobertura.

Salmão nas Termas de Puritama

segunda-feira, 6 de maio de 2013

O desfiladeiro árido e profundo esconde, na região do Deserto do Atacama, as Termas de Puritama, uma sequência de oito piscinas naturais, com água termal, quentinha (33,5º), cercadas por vegetação harmoniosa, os “rabos de Gato”, que ondulam com o vento e formam  uma proteção natural às tais piscinas.

Chegar às Termas exige, antes de tudo, um carro com boa tração e um motorista habilidoso porque o caminho - ainda que curto - é íngreme, estreito, cheio de curvas e pedregoso. Do alto, a visão do desfiladeiro que fica 3500 metros acima do nível do mar, impressiona pela aridez, pela profundidade do cânion por onde correm as águas do rio Puritama, rica em diversos minerais de poder curativo, velha conhecida das tribos indígenas da região. De perto, impressiona pela beleza  da água que corre nesse terreno seco.

Na aridez do Deserto de Atacama, o oásis das Termas de Puritama


Oito piscinas naturais, interligadas por passarelas


"Rabos de Gato" ondulam com o vento  e  escondem as piscinas

Quando visitei o Atacama era maio, fresquinho por lá , embora o sol estivesse sempre esplendoroso. As termas tem uma estrutura básica de apoio bastante boa com passarelas de madeira unindo as diversas piscinas e banheiros e salas para trocar de roupa para quem, como eu, deseja usufruir daquelas piscinas ainda que por pouco tempo. O passeio incluía também um lanche típico chileno com salmão, azeitonas, queijos e vinhos, riquezas gastronômicas do país.


Um piquenique com sabor chileno

Salmão, vinho, queijos e azeitonas junto à natureza




O que este cardápio tem de especial? Nada e tudo. Porque tem sabor de natureza, de beleza, de simplicidade e de luxo, ao mesmo tempo. Não pretendo aqui ensinar ninguém a comer salmão com queijo acompanhado por algumas galletas, aquelas bolachinhas de sal, típicas da região e muito menos como provar azeitonas, temperadas com o azeite chileno. Mas posso garantir que aquele piquenique à beira das termas teve um sabor especial porque tudo estava em harmonia.

O que fica, aqui, é a sugestão de viver momentos de harmonia, qualquer que seja o lugar onde a gente esteja. Momentos em que todos os nossos sentidos estejam aptos a interagir com olhos de ver, coração de sentir e paladar de desfrutar.

Espaguete com frutos do mar

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Poucas vezes provei um espaguete com frutos do mar tão bom como na ilha de Hvar. Mais exatamente no  Hotel Fortuna, preparado pelas mãos de Magda, a sorridente esposa de Jurica que, junto com o marido e os filhos, tocam o negócio da família, este hotel de apenas 18 apartamentos, no vilarejo de Milna. Antigo sonho da família, postergado pela guerra (1991- 1995), no hotel  tudo é rigorosamente bem cuidado e a simpatia e acolhida da família Tudo faz com que a gente planeje voltar mais vezes a esse pedacinho de paraíso.

Quartos confortáveis (tem até wi-fi grátis), localização privilegiada, em frente ao mar, este pequeno hotel surpreende mesmo é na gastronomia. Não há cardápio no hotel e a cada noite são oferecidas opções que sempre incluem dois ou três tipos de macarrão, risotos, peixes com legumes (geralmente acelga e batatas, regadas no azeite), preparados por Magda. Com quem você aprendeu? "Com minha mãe. Nunca frequentei nenhuma escola de culinária”. Só que a perfeição dos pratos são de um chef estrelado. Tudo regado com o maravilhoso azeite produzido pela família instalada desde sempre nesta bela ilha de terras áridas onde oliveiras e lavanda cobrem as encostas e que o mar azul esverdeado, limpíssimo e os dia de sol convidam a ficar.


Praia de Milna, vilarejo de cem habitantes, na ilha de Hvar, Croácia




Azeite extra virgem produzido pela família

Espaguete com frutos do mar à moda de Hvar

Praia de Milna, defronte ao hotel


Magda

Jurica e o filho, Marino


Esta receita é a minha versão do espaguete com frutos do mar, para lembrar Hvar. Só lamento não ter o mesmo azeite...

Ingredientes

500 gr de espaguete cozido “al dente”
1 cebola média, picada
3 dentes de alho picados
300 gr de lula em rodelas
300 gr de camarão limpo, aferventado
300 gr de mariscos (já fervidos) com a casca
4 tomates sem semente
5 a 6 colheres de azeite
1 folha(s) de louro
pimenta do reino e sal a gosto
salsinha

Como fazer

Aqueça o azeite numa panela grande. Junte o alho, a cebola e refogue por cerca de 3 minutos. Adicione , o camarão e a folha de louro e então os tomates, sal, as lulas, o marisco. Tampe e deixe cozinhar  por 10 minutos, mais ou menos.Junte a salsinha na hora de servir, mexendo rapidamente.

Enquanto prepara o molho, cozinhe o  macarrão  al dente em água fervente com um pouco de sal Sirva em seguida.

Molho Mediterrâneo para salada

quinta-feira, 21 de março de 2013

Regadas a azeite de ótima qualidade, as saladas mudam de gosto. De folhas sem graça e quase sem gosto algum, transformam-se completamente. Provei saladas maravilhosas em muitos diferentes lugares mas é na zona do Mediterrâneo com destaque para Espanha, Itália e Grécia que os temperos delicados e ao mesmo tempo cheios de personalidade transformam as folhas verdes em um prato muito especial.

Mas foi na Itália, quando eu era ainda muito menina que me encantei pela primeira vez com as saladas regadas a molhos ricos, ao azeite que depois eu "enxugava" com pão.

Inspirado na Itália, aí vai um molho para salada, uma variante do tradicional “à italiana” ou como gostam os povos de língua inglesa, o “italian dressing”. É bem fácil de preparar e faz toda diferença.




Ingredientes

Azeite – 6 colheres (sopa)
Sal – a gosto
Vinagre ou vinagre balsâmico – 2 colheres (sopa)
1 tomate maduro
¼ de cebola roxa
½ dente de alho
Opcional: orégano


Como fazer

Corte o tomate ao meio, tire as sementes e rale a polpa do tomate. Depois rale  a cebola roxa e  o alho. Junte o azeite, o sal, o vinagre. Misture tudo para emulsionar  o molho. Sirva sobre saladas de folha.

Banoffi Pie

terça-feira, 19 de março de 2013

A primeira coisa que me veio à cabeça, quando provei este doce, na Irlanda, foi: -  mas por que não se faz isso no Brasil? Afinal, banana e doce de leite são mais do que brasileiros.

Fato é que a Banoffi Pie (uma combinação de ban, banana e toffi, doce de leite) é muito popular não apena na Irlanda mas também no Reino Unido.

Já fiz Banoffi Pie para família, para grupos de amigos e cada vez que preparo esta delícia (uma bomba calórica, também!) não há quem não se admire com esta deliciosa combinação do doce de leite com a banana crua, mais o delicadeza do chantilly e a crocância da base de bolacha.

Muito fácil de fazer, a Banoffi Pie, esse doce de ingredientes tropicais com sotaque inglês é uma excelente dica de sobremesa.



Ingredientes

300g de bolacha (tipo Maizena ou Leite)
2 latas de leite moça cozido  em ponto de doce de leite
6 bananas
Creme chantilly sem açúcar
Manteiga (2 colheres cheias ou o suficiente para dar liga)

Massa da base

Moer as bolachas no liquidificador e juntar manteiga suficiente para dar liga.
Forrar o fundo de uma forma de abrir, com as mãos . Deixar na geladeira por meia hora.

Sobre a massa: colocar o doce de leite e as bananas em rodelas.
Por cima de tudo, creme chantilly batido, sem açúcar. Leve para gelar.

Tostados de Coco

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Cocada é quase sinônimo de Bahia. Cocada mole, dura, branca, queimada, ou aquela cocada - puxa que a baiana Bia, com tabuleiro no Farol da Barra vendia, sorrindo com seus dentes impecavelmente brancos, tão alvos como a roupa rodada e rendada e o turbante que, mais do que esconder seus cabelos conferiam uma dignidade toda especial àquela típica baiana.

No tabuleiro da Bia eu me esbaldava todas as tardes, na primeira vez que visitei Salvador, no ardente verão de 65, uma cidade muito mais calma do que a que visitei nos primeiros anos de 2000. Menor, mais calma, mas sempre animada e hospitaleira, com gente como a Bia, sempre sorridente, pronta para agradar.  No tabuleiro da baiana, iluminado ao anoitecer por um fifó eu começava sempre com o acarajé, caprichado no camarão e no vatapá e, de sobremesa, a cocada. Aquelas delícias mais a visão do Farol da Barra, imponente sobre a baía de Todos os Santos são mesmo inesquecíveis.


Coqueiros no belíssimo litoral  da Bahia

A cocada da Bia nem me atrevo a tentar copiar porque seria um sacrilégio. Mas em homenagem à Bahia e à inesquecível Bia, aqui vai uma receita de cocada. Também muito gostosa e que sempre faz sucesso.




Ingredientes

1 coco ralado (fresco)
½ copo de água ou de água de coco
3 xícaras de açúcar
2 ovos inteiros
1 noz de manteiga
3 colheres (sopa-rasa) de maizena

Calda em ponto de fio
Cozinhando até aparecer o fundo



Tostados, irresistíveis
Como fazer

Ponta água e o açúcar numa panela para ferver até chegar ao ponto de fio. Retire do fogo e misture os outros ingredientes. Volte ao fogo mexendo sempre até ver o fundo da panela. Deixe esfriar. Coloque a cocada às colheradas, numa forma untada com margarina e farinha. Leve ao forno médio até tostar. Rende 30 cocadas.

Panqueca doce

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Iguais e diferentes. Acho que assim podem ser definidos os países da Europa Central com histórias que se entrelaçam, se cruzam e até se confundem quando dominados por um único reino como foi o período  do Império Austro Hungaro (1867-1918) sobre países daquela região. As consequências  gastronômicas dessa influência são bastante conhecidas.

Viajando pela Hungria, Eslováquia, Polônia e República Tcheca vamos encontrar versões variadas de pratos como o goulash e, especialmente de doces. Muitas interpretações de strudel - a torta enrolada, de massa super leve, geralmente recheada de maçã ou  de semente de papoula, assim como interpretações locais de panquecas doces, servidas tanto como sobremesa como acompanhando um chá da tarde. Em cada um desses países e também na Áustria e Alemanha, esses doces aparecem com nomes locais, em versões ligeiramente diferentes mas todos capazes de tirar qualquer um do bom caminho da dieta.

Praça da Cidade Velha, Praga

Esta receita é da República Tcheca onde pude prová - la num café da Praça da Cidade Velha, em Praga.Cenário igualmente inesquecível.

Ameixa e ricota no recheio da panqueca doce

Ingredientes

750 ml de leite
500g de farinha de trigo
1 ovo
20 g de fermento em pó
150 g de açúcar
200 g de geleia de ameixa
300g de ricota
Óleo para fritar

Como fazer

Misturar a farinha açúcar e fermento; juntar o ovo e o leite. Misturar tudo. Fritar a massa em porções pequenas, dos dois lados, em frigideira quente, com óleo.

Quando as panquecas estiverem fritas rechear  com a ricota amassada e a geléia de ameixa. Dobrar ao meio e polvilhar açúcar e, opcionalmente, também com sementes de papoula.

Abóbora recheada

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Sitio Santo Antonio era a propriedade rural que meu pai formou, aos poucos, comprando lotes de pequenos  proprietários. Parecia infinitamente longe de São Paulo (hoje é parte do município do Embu) e, pra dizer a verdade, nos anos 50 era longe mesmo. Estradas ruins, que se enlameavam com a primeira chuva, total ausência de telefone ou luz elétrica e água  tirada de poço, fresquinha, em baldes de alumínio impecavelmente areados.

Passei ali algumas das melhores férias da minha vida. Livre para me embrenhar por onde bem se quisesse e andar no meio das plantas, comer goiaba, jabuticaba, e laranja no pé. Foi ali também que comecei a conhecer verduras e legumes, na horta que havia atrás da nossa casa. Eram verduras para nosso uso apenas e eu adorava me enveredar entre os canteiros descobrindo as alfaces novinhas, os repolhos começando a se fechar para formar aquelas bolas verdes tão maravilhosamente cerradas, os tomates, delicadamente  pendurados em ramos delgados, apoiados em tripés de bambu. Havia ainda as abobrinhas, as vagens, escarola, rúcula, espinafre.

Mas, o que mais me encantava era, sem dúvida, a abóbora. Uma verdadeira festa espiar embaixo da folhagem espessa e encontrar ali, escondida, uma bela abóbora pescoçuda. E ainda havia as flores, que a mamãe empanava e fritava, para acompanhar nosso almoço, sem falar da cambuquira, as tenras ramagens que, refogadas ao alho e óleo estão entre as minhas verduras favoritas, até hoje. Só que flor de abóbora ou cambuquira, agora, são raras e especialidades de gourmets, praticamente inacessíveis ao público em geral.


A abóbora pescoçuda e a moranga eram as espécies mais populares. Não me lembro de ter visto a chamada abóbora japonesa, aquela de casca escura, na minha infância. Elas ficaram populares bem mais tarde quando também foram introduzidas outras variedades. Com a abóbora comum era preparado o quibebe e feitos os doces; do tradicional doce de abóbora e coco ao doce cristalizado. Era como se a abóbora, de tantas virtudes e de fácil adaptação, tivesse condenada à vida campestre, aos pratos sem qualquer charme. Hoje ela consta de cardápios sofisticados e pode entrar no menu de todo dia, seja como prato principal ou acompanhamento.

Esta receita é uma adaptação para os dias de hoje da velha conhecida, a  versátil abóbora.


Abóbora recheada

1 moranga pequena com aproximadamente 500 g
4 colheres de arroz
Shitake
1 pimenta dedo de moça, sem sementes
Amêndoas torradas, sem pele ( ou avelã)
3 colheres de azeite de oliva
2 dentes de alho
2 colheres de cebola picada em cubos
Sal
1 colher (chá) de sementes de coentro




Como fazer:

Lavar a moranga e abrir uma tampa. Com uma colher, raspar o miolo da abóbora, inclusive as fibras e as sementes. Reservar.

Numa panela, refogar o alho e a cebola no azeite. Juntar a pimenta picadinha,o shitake, as sementes de coentro e o sal. Juntar as raspas de abóbora – incluindo as sementes e refogar. Desligar o fogo e juntar o arroz e as amêndoas. Rechear a abóbora/moranga com este refogado, tampar e enrolar a abóbora em papel de alumínio e levar ao forno até que a abóbora fique macia. Servir bem quente como complemento ou como prato principal.

Opcional: No lugar da moranga pode ser usada uma abóbora menina ( aquela pequena, com pescoço). Nesse caso, bastará cortar a abóbora ao meio, proceder da mesma forma e juntar as duas partes antes de embrulhar a abóbora com papel alumínio.

Yorkshire pudding

domingo, 27 de janeiro de 2013

O nome engana porque de pudim, não tem nada. Confesso aqui que eu também me enganei, na primeira vez que vi os “puddings”, num pub, em Ipswich. Abri a boca de espanto porque já tinha me enganado com outro,  “o Black pudding “,  que é um tipo de chouriço servido no English Breakfast, o café da manhã completo, com bacon, tomate, lingüiça, cogumelos e feijão. Ah! Mas tem o Rice pudding, que é  arroz doce e o Bread pudding (pudim de pão) e o Custard pudding (pudim de caramelo) esses sim, com cara de pudim, como nós conhecemos.

Resolvida a questão da palavra - e não vem ao caso aqui porque batizam tantas coisas de diferentes texturas como “pudding” - o  Yorkshire pudding é um clássico da culinária britânica,  que pode ser feito muito rapidamente e é um excelente quebra galho para acompanhar carnes com molho.

Ninguém garante que a receita tenha sido inventada na região de Yorkshire, (a primeira menção é de 1747) no norte da Inglaterra e isso realmente pouco importa. Em todos os rincões do pais pode-se achar o Yorkshire Pudding, especialmente nos cardápios dos pubs, servidos com stews densos, com molhos feitos, geralmente, à base de cerveja preta. Aqui para nós, essa massinha assada, pode muitobem ser usada como complemento, acompanhando saladas ou em lanches rápidos. Você faz, prova e decide.

Yorkshire pudding, especialidade inglesa, típica dos menus de pubs

 


















Ingredientes

1 xícara de farinha de trigo
1 xícara de leite
1 ovo
Rende 12 unidades

Bata todos os ingredientes no liquidificador para obter uma massa mole (como a de panqueca).

Coloque 1 colher (chá) de óleo nas forminhas de cup cake (de alumínio) e leve ao fogo (ou ao forno, se preferir) para esquentar. Quando o óleo estiver bem quente , encha cada forminha até a metade com a massa e leve para assar. O  forno deve estar pré aquecido a 180 graus.

Importante: o óleo precisa estar bem quente para que a massa “frite” rapidamente quando for despejada nas forminhas.

Os Yorkshire puddings crescerão bastante. O que sobrar, pode ser congelado.

Salada de figo

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A primeira vez que pisei na Inglaterra era bem difícil, quase impossível, conseguir uma refeição que escapasse da tal English Heavy Food, a comida tradicional britânica, cheia de ovos, bacon, batatas e frituras. Hoje em dia só come fish & chips (eu adoro, por sinal) o mais popular dos pratos do dia a dia, quem quer porque praticamente todas as culinárias estão presentes em Londres.

E foi lá, no Fifteen, o restaurante do talentoso chef Jimmy Oliver, que eu provei uma deliciosa salada, uma das muitas que ele cria, com base na culinária italiana.


Fifteen, um dos endereços de Jamie Oliver em Londres

Sobre saladas,aliás, valem alguns comentários. Tem muita gente com preguiça de comer salada. Que não vê qualquer atração nelas. E para ser bem sincera, se a opção for alface com rodelões de tomate e umas de cebola, eu também dispenso.

As melhores saladas são aquelas que misturam folhas de várias texturas e sabores: a crocância do miolo de escarola, com a suavidade da alface, o picante da rúcula ou do agrião com a delicadeza da alface mimosa; e o leve amargor do radicchio com a suavidade da endívia e assim por diante. E uma boa salada permite ainda folhas não convencionais entre ós como os brotos de espinafre ou folhas de beterraba. E ainda hortelã, salsinha, manjericão em menores quantidades, apenas para dar aquele toque diferente numa grata surpresa de sabor e aroma.

Naturalmente não é preciso misturar tudo numa única salada; bastará o contraste de duas ou três folhas para conseguir o equilíbrio que faz a diferença. A partir daí vale a criatividade em adicionar mais elementos ou não. Que podem ser azeitonas, frutas frescas ou secas, nozes, amêndoas ou castanha de caju. Tudo vai depender do seu próprio paladar e desejo.


Aqui, a salada inspirada no Fifteen;

Salada com figo

Ingredientes

alface, alface crespa,rúcula, escarola,radicchio
3 ou 4 figos, lavados e cortados em gomos
Raspas de queijo parmesão
Presunto cru em tiras

Misture, numa vasilha funda, três ou quatro diferentes folhas misturando com a mão. Junte os figos , o presunto e tempere com azeite de oliva, sal e vinagre balsâmico.

Por cima, espalhe lâminas de queijo parmesão

A mesma salada pode ser feita substituindo o figo por peras. Neste caso,é preciso descascar as peras e esfregar limão para que não escureçam.

Lasanha vegetariana

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Todas as vezes que visito Dublin, minha parada obrigatória é no Cornucópia, um restaurante vegetariano que fica na Wicklow Street, no centro da capital irlandesa, muito perto da Grafton Street que é ponto obrigatório na cidade e bastante próxima do rio Liffey, que divide a cidade entre norte e sul.

Recomendo a visita mesmo para quem torce o nariz para a simples menção da palavra vegetariano porque o Cornucopia serve verdadeiras delícias, pratos elaborados com muito esmero, uma variedade enorme de temperos, ervas e condimentos e que colocam a culinária vegetariana num patamar muito especial. A casa está sempre cheia mas tudo funciona com muita rapidez. Diariamente são servidas diferentes opções de pratos quentes e também de saladas e sopas. Sempre volto para casa com alguma novidade, como esta lasanha que introduzi no cardápio de casa com grande sucesso.



Ingredientes

10/12 tiras de massa de lasanha
Molho de tomate
2 cenouras médias, cortadas em tiras grossas
A mesma quantidade de abóbora madura
250 g de mussarela em fatias
1 xícara de lentilha

Como fazer

Preparar o molho de macarrão com 1 cebola picada, 2 dentes de alho, refogados em 3 colheres de óleo de milho e 2 de azeite de oliva. Quando a cebola estiver transparente e o alho dourado, acrescente purê de tomate (1 caixa de 350 ml), a mesma medida de água, orégano, sal, louro. Junte a cenoura e a abóbora e deixe cozinhar em fogo baixo, até apurar.

Enquanto isso cozinhe a lentilha em água e assim que estiver cozida, mas ainda firme, escorra e reserve.

No fundo de uma forma refratária, coloque molho e sobre ele tiras de lasanha, sobre a massa, mais molho (com a abóbora e cenoura, metade da mussarela e por cima disso as lentilhas cozidas, uma nova camada de massa e por cima molho e o restante da mussarela. Leve para assar em forno médio, já pré aquecido.

Na hora de servir, você se surpreenderá com as lentilhas misturadas ao molho, numa textura que lembra a da carne moída, no molho bolonhesa.

Pastiera di grano

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Não dá para escolher o lugar mais bonito da Itália. Quem já esteve por lá sabe do que eu estou falando. Cada região tem seu encanto, cada cidade uma peculiaridade, uma beleza especial. Na lista das minhas favoritas – são muitas! – está Siena. No coração da Toscana, a cidade exagera em beleza, especialmente da Piazza Del Campo, a praça onde acontece anualmente a competição do Palio de Siena, onde a presença dominante é o Palazzo Pubblico com sua torre.

Este amplo espaço público rodeado por edifícios seculares, preservados na sua grandiosidade dos tempos medievais e renascentistas é parada obrigatória na cidade que é cheia de ruelas que ali desembocam e a praça é também um ponto gastronômico com restaurantes, bares e cafés que se ampliam na parte externa e permitem a integração de todos nesse cenário de beleza.








Sentar num desses cafés para uma xícara revigorante acompanhada de uma fatia de pastiera di grano, a torta de trigo em grão e ricota, que ali é especialmente deliciosa é um programa que eu recomendo.

E, para recordar ou antecipar a visita a Siena, aí vai a receita.


Ingredientes

Massa
1 xícara (chá) açúcar
1 e ½ xícara (chá) manteiga
3 ovos
5 xícaras (chá) farinha de trigo
manteiga para untar
açúcar de confeiteiro para polvilhar

Misture todos os ingredientes sem trabalhar muito a massa.
Cubra e deixe descansar por meia hora

Recheio
250g de trigo em grão (deixado de molho em água fria, de véspera)
½ litro de leite quente
1 pitada de sal
Raspas de limão
1 colher (sopa) açúcar mais
2 xícaras (chá) açúcar
½ kg ricota fresca e amassada
3 gemas
1 pitada de canela em pó
1 colher (chá) essência de baunilha
200g frutas cristalizadas picadas
200g passas sem sementes
3 claras em neve (cerca de 120g)

Passe o trigo por água fresca, leve ao fogo com bastante água e deixe ferver por 15 minutos. Escorra e leve ao fogo com o leite, o sal, o limão e a colher de açúcar. Tampe a panela e deixe cozinhar lentamente até secar o leite. Deixe esfriar e retire a casca de limão.

Separadamente, junte os ingredientes restantes, menos as claras.
Misture com o trigo reservado e bata bem.
Por fim, junte as claras.

Finalizando
Abra a massa e forre o fundo e a lateral das formas (2 formas de aro removível), untadas com manteiga.
Coloque o recheio, faça tiras finas com as aparas da massa e monte um xadrez na superfície.
Asse no forno pré-aquecido 180ºC, cerca de 30 minutos.

Depois de frio, polvilhe com o açúcar de confeiteiro.

Cookie de chocolate

domingo, 13 de janeiro de 2013

O verão é escaldante, em New Orleans. E num desses julhos muito quentes estive na capital mundial do jazz, na encantadora cidade da Lousiania que gurda lemb rança dos colonizadores franceses, dos espanhóis e especialmente da cultura negra que acompanha o rio Mississipi.

O que isso tudo tem a ver com cookies? Nada e tudo. É que, depois de muito caminhar sob o sol forte, de perambular pela cidade antiga, o Latin Quarter, de ouvir música, de me encantar com tudo, chegou a hora do descanso, num hotelzinho pelo qual ninguém dava nada. Limpo, confortável, honesto. Até que, minutos após entrar na cama, um aroma irresistível de baunilha e chocolate começou a invadir o corredor. A grata surpresa estava alí. Na porta de cada quarto havia um pacote com cookies de chocolate e macadamia, quentinhos, saídos do forno. O melhor boa noite que já recebi de um hotel.

A receita abaixo é a versão para o cookie de tão deliciosa lembrança.


Cookie de chocolate

Ingredientes:

2 ½ xícaras (350 gramas) farinha de trigo
¾ colher de chá de bicarbonato de sódio
Uma pitada de sal
1 xícara (225 gramas) de manteiga sem sal, em temperatura ambiente
1 xícara (215 gramas) de açúcar mascavo
¾ xícara (150 gramas) açúcar refinado
2 ovos (temperatura ambiente)
1 colher de chá de essência de baunilha
400 gramas de gostas de chocolate ao leite ou meio amargo
200 gramas de nozes (de sua preferência) tostadas e picadas

Misture a farinha, bicarbonato e sal numa tigela e reserve.

Bata a manteiga, açúcares, ovos e essência de baunilha na batedeira até ficar homogêneo.

Adicione a mistura da farinha e combine bem. Ao final adicionar as nozes e o chocolate.

Enfarinhar uma superfície e enrolar a massa na forma de um salame grosso. Embale em filme plástico e coloque no refrigerador por pelo menos 24 horas.

É importante deixar a massa esfriar e endurecer antes de assar.

Pré aqueça o forno em 180 graus e corte o “salame” em fatias da grossura desejada. Asse por aproximadamente 10 minutos.

Quando as bordas estiverem marrom mas o miolo ainda claro, o biscoite ficara  puxa-puxa por dentro. Se o biscoito estiver marrom por completo, ele ficará mais crocante.

Espere esfriar para servir.